
A inflação dos alimentos voltou a pressionar o orçamento das famílias brasileiras em março de 2025, com alguns itens essenciais apresentando aumentos expressivos que chegaram a mais de 25%. Neste artigo, analisamos os principais vilões do aumento dos preços, as causas por trás dessas altas e o impacto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os campeões de alta nos preços em março
O grupo de Alimentação e Bebidas foi o que mais contribuiu para a inflação em março, com alta de 1,17%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) . Dentre os produtos que mais encareceram, destacam-se:
- Manga: liderou o ranking com impressionantes 25,64% de aumento . Segundo análises, as fortes chuvas no Vale do São Francisco, principal região produtora da fruta, prejudicaram a produção .
- Tomate: subiu 22,55%, sendo um dos maiores responsáveis pelo impacto no IPCA . O calor dos meses de verão acelerou a maturação, antecipando a colheita e reduzindo a oferta disponível em março .
- Morango: apresentou alta de 17,82%, embora não tenha sido tão mencionado nos impactos gerais do IPCA .
- Ovos: encareceram 13,13%, pressionados pelo aumento do custo do milho (base da ração das aves) e pela maior demanda no período da Quaresma .
- Café moído: subiu 8,14%, acumulando impressionantes 77,78% nos últimos 12 meses . A quebra de safra no Vietnã e adversidades climáticas no Brasil reduziram a oferta global .
Outros alimentos que tiveram aumentos significativos incluem açaí (8,62%), tubérculos, raízes e legumes (8,16%), peixe dourado (8,04%), melancia (7,86%) e peixe corvina (6,33%) .
Contexto da inflação em março
O IPCA de março ficou em 0,56%, representando uma desaceleração em relação a fevereiro (1,31%), mas ainda assim pressionado principalmente pelos alimentos . O grupo Alimentação e Bebidas respondeu por cerca de 45% do índice do mês .
Chama atenção que apenas três produtos – tomate, café moído e ovo – foram responsáveis por um quarto de toda a inflação do mês . Isso mostra como itens específicos podem ter um peso desproporcional no custo de vida das famílias.
Por que alguns alimentos subiram tanto?
As explicações para as altas variam conforme o produto:
- Fatores climáticos: tanto o excesso de calor (no caso do tomate) quanto as chuvas fortes (para a manga) prejudicaram a produção .
- Custos de produção: no caso dos ovos, o milho mais caro elevou os custos da ração .
- Demanda sazonal: a Quaresma aumentou o consumo de ovos e peixes .
- Problemas internacionais: a gripe aviária nos EUA aumentou as exportações brasileiras de ovos , enquanto a quebra de safra no Vietnã afetou o café .
- Ciclos de produção: o tomate sofreu com a antecipação da colheita devido ao calor, deixando o mercado desabastecido em março .
Itens que ficaram mais baratos
Nem tudo foram más notícias. Alguns produtos apresentaram queda nos preços:
- Óleo de soja: -1,99%
- Arroz: -1,81%
- Carnes: -1,60%
- Contrafilé: -3,40%
Perspectivas e ações do governo
Com a inflação acumulada em 12 meses atingindo 5,48% – acima do teto da meta de 4,5% – o governo federal tem adotado medidas para tentar conter os preços, como a redução de impostos sobre importação de alguns produtos .
Especialistas projetam que a pressão inflacionária nos alimentos pode continuar no segundo semestre, impulsionada especialmente pelos preços das proteínas . A expectativa é que a safra atual ajude a aliviar parte dessas pressões .
Conclusão
O aumento nos preços de alimentos básicos como tomate, ovos e café tem impacto direto no dia a dia das famílias, especialmente nas de menor renda. Enquanto fatores climáticos e de mercado internacionais seguirem desfavoráveis, parte dessas pressões pode persistir, exigindo atenção tanto dos formuladores de políticas econômicas quanto dos consumidores na hora de planejar suas compras.
Fontes: Dados do IBGE e análises publicadas em O Tempo , CNN Brasil , G1 , Agência Brasil e Estadão .