
O anúncio do “tarifaço” pelo governo de Donald Trump, que impôs taxas adicionais sobre importações dos EUA, gerou preocupação global. No entanto, embora o cenário geral seja de incerteza e riscos para o comércio mundial, o Brasil pode encontrar oportunidades nessa nova configuração. Com uma tarifa relativamente baixa (10%) em comparação a outros países, como China (54%) e União Europeia (20%), o país pode se beneficiar em setores estratégicos, como agronegócio e acordos comerciais .
1. Ganho de Competitividade no Mercado Americano
Com tarifas mais altas para concorrentes como Vietnã (46%) e Suíça (31%), produtos brasileiros podem se tornar mais atrativos nos EUA. Por exemplo:
- Café: Apesar da taxa de 10%, o Brasil pode ampliar suas vendas, já que outros exportadores enfrentam tarifas superiores .
- Commodities agrícolas: Soja, milho e carnes podem ter demanda reforçada, especialmente se a China reduzir compras dos EUA e buscar alternativas no Brasil .
2. Expansão das Exportações para a China
A China retaliou as tarifas dos EUA com taxas de 34%, o que deve redirecionar suas importações de commodities. O Brasil, já seu maior parceiro comercial, pode ampliar vendas de:
- Soja e milho: Como ocorreu no primeiro governo Trump, quando o Brasil aumentou exportações devido à guerra comercial EUA-China .
- Sorgo: Um acordo recente (2024) entre Brasil e China pode impulsionar esse mercado, antes dominado pelos EUA .
3. Aceleração do Acordo Mercosul-União Europeia
A tensão entre EUA e Europa pode pressionar a União Europeia a concluir o acordo comercial com o Mercosul, em negociação há 25 anos. Isso abriria mercados para:
- Produtos industriais brasileiros, como autopeças e manufaturados .
- Carnes e etanol, setores que enfrentam barreiras europeias .
4. Redução da Pressão Inflacionária no Brasil
A desvalorização do dólar desde janeiro de 2025 (início do governo Trump) pode baratear importações brasileiras, como:
- Insumos industriais e produtos eletrônicos .
- Combustíveis, cujos preços são atrelados ao dólar .
5. Diversificação de Parcerias Comerciais
Com a redução da dependência dos EUA, o Brasil pode fortalecer lares com:
- Sudeste Asiático e Japão: A consultoria MB Associados projeta aumento no comércio com essas regiões .
- Europa: Além do acordo Mercosul, a UE pode se tornar um destino alternativo para exportações .
Conclusão
Apesar dos riscos globais, o Brasil tem condições de transformar as tarifas de Trump em vantagens. Se aproveitar a maior competitividade no mercado americano, expandir vendas para a China e fechar acordos como o Mercosul-UE, o país pode compensar parte dos impactos negativos. No entanto, especialistas alertam que o cenário ainda é volátil e depende de fatores como a reação do câmbio e a evolução das tensões comerciais .
Fontes: BBC News Brasil, Valor Investe, InfoMoney, Agência Brasil, G1, CNN Brasil.