Em 2025, a economia chinesa surpreendeu analistas ao registrar um crescimento robusto de 5,4% no primeiro trimestre, superando as expectativas de 5,1% e mantendo a mesma taxa do último trimestre de 2024 . Esse desempenho ocorre em um cenário desafiador, marcado por tensões comerciais com os EUA, uma crise imobiliária persistente e pressões deflacionárias. Como a China conseguiu esse feito? Quais medidas impulsionaram essa recuperação? E será que esse ritmo pode ser sustentado?
1. O Cenário de Crise: Tarifas dos EUA e Desafios Internos
A China enfrenta múltiplos obstáculos em 2025:
- Guerra comercial com os EUA: O governo Trump impôs tarifas que ultrapassam 145% sobre produtos chineses, ameaçando as exportações, um dos principais motores do crescimento .
- Crise imobiliária: O investimento no setor caiu 9,9% no primeiro trimestre, prolongando uma recessão iniciada em 2022 .
- Fraca demanda interna: Apesar de melhoras recentes, o consumo ainda enfrenta resistência devido à incerteza econômica e ao desemprego urbano (5,2% em março) .
Apesar desses desafios, o PIB chinês mostrou resiliência, impulsionado por políticas agressivas de estímulo e um surto temporário nas exportações antes da aplicação das tarifas americanas .
2. As Medidas que Impulsionaram o Crescimento
A. Estímulos Fiscais e Investimento Público
O governo chinês anunciou um aumento drástico na emissão de títulos do tesouro, incluindo 3 trilhões de yuans em títulos especiais para financiar projetos de infraestrutura, atualizações industriais e subsídios ao consumo . Além disso:
- Subsídios para troca de bens de consumo: Famílias receberam incentivos para trocar carros, eletrodomésticos e produtos digitais (como smartphones e tablets) .
- Aumento salarial para funcionários públicos: Medida surpresa para estimular o gasto interno .
B. Forte Desempenho das Exportações (Temporário)
Antes da entrada em vigor das tarifas dos EUA, as exportações chinesas cresceram 12,4% em março, puxadas por empresas que anteciparam entregas . No entanto, analistas alertam que esse impulso pode se esgotar nos próximos trimestres .
C. Recuperação do Consumo Interno
As vendas no varejo subiram 5,9% em março, o melhor resultado desde dezembro de 2023, graças aos subsídios governamentais . A produção industrial também acelerou, com crescimento de 7,7% no mesmo mês .
3. Perspectivas para o Resto de 2025: Otimismo com Cautela
Embora o primeiro trimestre tenha sido positivo, economistas rebaixaram as projeções para o ano:
- UBS: Reduziu a previsão de 4% para 3,4%, citando o impacto prolongado das tarifas .
- Goldman Sachs: Espera crescimento de 4%, abaixo da meta oficial de ~5% .
- FGV IBRE: Projeta 4,7%, acima da média do mercado, caso o consumo interno se mantenha forte .
O governo chinês deve anunciar mais estímulos, incluindo possíveis cortes de juros e aumento de gastos fiscais, para compensar a queda esperada nas exportações .
Conclusão: Uma Recuperação Frágil, mas Notável
A China demonstrou resiliência econômica em meio a crises, combinando estímulos fiscais agressivos com um breve impulso nas exportações. No entanto, os desafios externos (tarifas dos EUA) e internos (crise imobiliária) ainda ameaçam a sustentabilidade desse crescimento.
Se Pequim conseguir reforçar o consumo doméstico e diversificar suas exportações, poderá manter uma trajetória positiva. Caso contrário, o crescimento pode desacelerar no segundo semestre, confirmando as previsões mais pessimistas.
Fontes: