A economia global está profundamente interligada, e qualquer turbulência em uma potência como os Estados Unidos pode gerar ondas de choque em outros países, incluindo o Brasil. Com o aumento do risco de recessão nos EUA devido às políticas comerciais do presidente Donald Trump, especialistas alertam para os possíveis prejuízos ao Brasil, desde quedas nas exportações até pressões inflacionárias e desaceleração do crescimento econômico.
Neste artigo, exploramos os principais impactos que uma recessão americana poderia ter no Brasil, com base em análises de economistas e instituições financeiras.
1. Queda nas Exportações e Redução da Balança Comercial
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Em 2024, as exportações brasileiras para os EUA atingiram US$ 40,3 bilhões, um recorde histórico . No entanto, uma recessão americana poderia reduzir a demanda por produtos brasileiros, afetando setores como:
- Manufaturados: Os EUA são o principal destino de produtos industrializados brasileiros.
- Commodities agrícolas: Soja, café e carne bovina poderiam sofrer com a queda nos preços internacionais .
Além disso, uma desaceleração global reduziria o valor das commodities, principal motor das exportações brasileiras, prejudicando ainda mais a balança comercial .
2. Impacto no Mercado Financeiro e no Câmbio
O medo de uma recessão nos EUA já vem afetando os mercados globais, incluindo o Brasil:
- Queda do Ibovespa: O principal índice da bolsa brasileira caiu 2,67% após os anúncios de tarifas de Trump, refletindo a aversão ao risco global .
- Alta do dólar: A moeda americana subiu 3,03% frente ao real, pressionando a inflação e aumentando o custo das importações .
Se a recessão se confirmar, os investidores podem migrar para ativos mais seguros, como títulos do Tesouro americano, reduzindo o fluxo de capital para mercados emergentes como o Brasil .
3. Desaceleração do Crescimento Econômico e Risco de Recessão
O JP Morgan já revisou suas projeções para o PIB brasileiro, reduzindo a expectativa de crescimento de 2,2% para 1,9% em 2025 e de 1,5% para 1,2% em 2026. Os motivos incluem:
- Menor demanda global por commodities, afetando o agronegócio.
- Queda no investimento externo, já que empresas podem adiar expansões devido à incerteza .
Além disso, o Banco Central do Brasil pode interromper o ciclo de cortes de juros caso a recessão americana gere pressão cambial e inflacionária .
4. Inflação Importada e Aumento de Custos
As tarifas comerciais impostas por Trump já estão elevando os preços de produtos importados, e uma recessão poderia agravar esse cenário:
- Exemplo do ovo: Devido à gripe aviária nos EUA, a demanda por ovos brasileiros aumentou, elevando o preço no mercado interno em 15% em fevereiro.
- Cadeias globais de suprimentos: Se a guerra comercial se intensificar, produtos eletrônicos, peças automotivas e insumos industriais podem ficar mais caros .
5. Empresas Brasileiras com Operações nos EUA
Várias companhias brasileiras têm unidades nos Estados Unidos e seriam diretamente afetadas por uma recessão:
- Embraer, Gerdau e varejistas: Uma queda no consumo americano reduziria suas receitas, limitando investimentos no Brasil .
- Setor automotivo: Tarifas sobre carros importados já estão prejudicando montadoras, e uma recessão ampliaria os danos .
Conclusão: O Brasil Precisa se Preparar
Embora os economistas ainda considerem improvável uma recessão profunda nos EUA , os riscos existem e o Brasil deve se antecipar. Medidas como diversificação de mercados exportadores, controle da inflação e políticas fiscais responsáveis podem ajudar a mitigar os impactos.
Enquanto isso, investidores e empresas devem monitorar de perto os desdobramentos da política econômica americana, pois suas consequências serão sentidas em todo o mundo – inclusive aqui.
Fontes:
- BBC News Brasil
- CNN Brasil
- Money Times
- G1
- UOL Economia
- JP Morgan
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